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Belzebuth

 

 

Nos Reinos Imateriais ou Imaginários também conhecidos como Astrais, Espirituais, Outro Mundo, Além, Paraíso, Inferno, Limbo, Abismo, Umbral ou como preferir, a percepção da realidade em cada um se dá de modo imediato e total, por meio de imagens e mensagens onde nada é casual. A cor, o tamanho, a conformação de cada coisa e cada ser são apenas uma dimensão da percepção que usamos no plano físico, mas nessas dimensões eternas surgem inúmeras outras formas de expressão interior que impactam fortemente o observador e de maneira imprevista. As coisas, paisagens, cenários e seres nesses planos emanam energias e vibrações de natureza emocional e mental tão intensas que chegam a distorcer o campo visual e dificultar o pensamento. Ondas quase sólidas, como elétricas, ou de calor ou frio intenso, exalações lentas e oleosas flutuando logo acima do chão como uma ameaça de peste, são apenas alguns exemplos das formas que podem tomar.

Tudo ali é um símbolo, tudo tem uma razão de ser e um propósito a causar no observador. Em certos lugares a atmosfera é tão densa que é possível ficar atrapado ali para sempre ou algo semelhante a isso e cada passo é dado contra uma resistência cada vez maior. Muitas vezes senti-me preso como um peixe tentando nadar em uma piscina de gelatina. É preciso portanto compreender que a expressão dessas forças e a aparência que tomam estão em relação direta com quem as percebe e se adaptam a cada um para atingi-lo da forma mais intensa batendo, é claro, onde mais dói.

Isso implica, por exemplo, que na dimensão onde vi a grande megalópole de Lúcifer outro eventual e infortunado peregrino verá também uma grande cidade, porém não exatamente igual à minha, mas orientada para o inconsciente dele, com detalhes específicos e pessoais, projetados para efeito direto.

Assim, na região de Belzebuth qualquer outro viajante ou prisioneiro irá defrontar-se fatalmente com cenários de devastação e poluição, pântanos infectos, montanhas de lixo pestilento, torres de usinas nucleares, intermináveis campos de vítimas da peste servindo de pasto uns para os outros, altas muralhas cinzentas cercando imensas instalações industriais vazias e decadentes. Nesse reino tudo está em decomposição e é imagem de putrefação, decadência e morte. Tudo rasteja, manca, se arrasta pesadamente, com visível sofrimento. Criaturas grandes e pequenas, sempre disformes, incompletas, tortuosas, inverossímeis cobrem o chão e os espaços escuros, tocas e ruínas, enchendo de olhos em toda parte, olhos malvados de monstros.

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